Algum artista tem uma arte espontânea, de criatividade
autêntica, do fazer artístico sem escola nem orientação, portanto é instintivo
e onde o artista expande seu universo particular. João Candido e um deste
artista que nasceu para fazer arte.
João Cândido da Silva nasceu em uma família de 18 irmãos
gerados por dona Maria, uma humilde bordadeira, que acumulava as funções de
dona-de-casa e artista plástica. Nascida em Sorocaba, interior de São Paulo,
que, casada com um trabalhador braçal de estrada de ferro, migrou para a cidade
mineira, onde teve os primeiros filhos, entre eles João Cândido. Diante das
dificuldades e privações que atingiam a família, Maria e seus filhos decidem
partir para a cidade de São Paulo em busca de uma vida melhor.
Ao desembarcar na Estação da Luz no início da década de 1940,
as crianças tiveram que dormir numa gafieira, pois os parentes que já moravam
na Cidade não apareceram para recepcionar a família. João Cândido diz que as
primeiras impressões sobre São Paulo provocaram-lhe um certo temor. Até então,
o jovem estava acostumado com uma paisagem rural, muito diferente dos bondes e
dos edifícios enormes que compunham o cenário urbano que agora vislumbrara.
Desde cedo, João Cândido demonstrava interesse pelas artes,
enquanto sua mãe trabalhava em suas pinturas e esculturas, o jovem desenhava
com carvão nas paredes da casa. Para impedir que o Cândido continuasse com a
“sujeira”, Dona Maria passou a lhe disponibilizar alguns materiais de pintura
como restos de tintas e pincéis velhos.
A partir daí, João Cândido inicia suas primeiras
experiências com as tintas óleo e acrílica aplicando-as sobre os suportes mais
variados possíveis. Os temas preferidos de João são as festas e manifestações
populares como: o boi, a capoeira, o futebol, o carnaval e a folia de reis.
Embora a pintura seja sua mais recorrente forma de expressão, o artista também
é escultor; trabalha com madeira, papel, arame recozido entre outros materiais.
Em 4 de janeiro de 1957, João Cândido, ao lado de Carlos
Alberto Caetano, o Carlão, funda a Escola de Samba Sociedade Esportiva
Recreativa Beneficente Unidos do Parque Peruche, que traz no seu pavilhão as
cores: verde, amarela, azul
e branca, cores facilmente identificadas em suas
obras. Além de cuidar da administração da escola, João fabricava os
instrumentos de percussão e ainda atuava como ritmista da bateria onde tocava
“contra-surdo”.
Conhecido e admirado pelo mundo do samba, João Cândido criou
e produziu em 1976 o carro abre-alas para o Grêmio Recreativo Escola de Samba
Vai-Vai. Na ocasião, a escola sagrou-se vice-campeã do carnaval. Em 1978, o Cândido criou uma ilustração para a capa do disco
“No Choro”, de Dilermano Reis, lançado pela gravadora Continental. Em maio de
2004, teve uma obra inserida no projeto de cenográfico da I Festa de São João do
Nordeste realizada no Polo Cultural Grande Otelo - Anhembi - São Paulo.
Para o artista, o fazer artístico é mais do que uma forma de
sobrevivência, sua mente criativa está constantemente em busca de novos
desafios. Ao voltar, recentemente, de uma viagem patrocinada pelo Institut de
Sciences Politiques de Paris, organização estrangeira que tem como objetivo
divulgar o trabalho dos artistas brasileiros na França, ele afirmou que embora
tenha recebido muita atenção “lá fora” gosta mesmo de ficar por aqui, no
Brasil, pintando as emoções do povo brasileiro. Atualmente está trabalhando com
materiais reciclados.
Neste
sentido, acreditamos ser de suma importância a catalogação da obra artística de
artistas como João Cândido da Silva, pois, somente assim, poderemos ter uma
fonte sistêmica de consulta para aqueles que desejam dedicar um pouco mais de
atenção ao trabalho de alguém que passou toda sua vida produzindo beleza.
Vamos
apoiar nossos artistas e conhecer suas obras.
Para que
amanhã possamos dizer que temos uma cultura feita com amor.
Forte abraço.
ResponderExcluirmdf
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